Por Bruno Pavan
Há uma corda bamba onde os governantes brasileiros têm que andar. Quando nasce um projeto como o bolsa família ou o fome zero, é taxado de assistencialismo e é disparada a famosa frase: é melhor ensinar a pescar do que entregar o peixe. Como se fosse fácil da pessoa sem ter o que comer e sem emprego “ir pescar.” Infelizmente muitos planos de tentativa de inclusão do governo federal esbarram nesse pensamento neoliberal.
Na disputa à prefeitura de São Paulo há uma discussão que volta nesse ponto. A candidata do PT, Marta Suplicy, promete antenas para a cidade toda ter acesso à internet sem fio de graça. E a direita bate, fazendo cálculos e dizendo que com esse dinheiro daria para fazer tantas escolas, tantos hospitais, tantas creches. O velho discurso do bom moço, mas com a diferença de que ninguém acredita mais. O prefeito Kassab parece que se esquece de suas obras. Quantos pobres foram beneficiados com a proibição de Outdoors na cidade? E com o rodízio de caminhões?
Claro, a desigualdade social no Brasil é um problema de muito tempo. O bolsa família, o fome zero, as cotas para universidades, não são soluções ideais. Mas é preciso dar o peixe, matar a fome da população para depois deixar tudo arrumado para todos terem os equipamentos para pescar.
É visível para quem vive na cidade de São Paulo os problemas que a cidade enfrenta nas questões de saúde, habitação, educação, transito e em tantas outras áreas. Mas qual é o problema de acontecer um programa grande de inclusão digital? Então é assim, quando é aprovada as cotas em universidades para negros, índio e pobre o governo federal é criticado por dar o peixe. Quando há um grande projeto de internet de banda larga para toda a cidade de graça, que é uma tentativa de ensinar o povo a pescar (ou não é?), vem às críticas dizendo que deve ser feito isso ou aquilo com o dinheiro que vai ser gasto. Na última eleição para prefeito de SP, a coligação PSDB/PFL (atual Democratas) criticou a criação dos Ceus. Com o mesmo mantra de que: com o dinheiro de um poderiam ser construídas cinco escolas convencionais. E depois de eleito, ampliou o número desses centros em São Paulo.
Afinal de contas, o que a direita brasileira quer: que dê o peixe, ou que entregue a vara, o anzol e as iscas?
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